1. INTRODUÇÃO
A censura no Brasil perdurou por quase todo o período pós-colonial, sendo que ainda nos dias de hoje possui várias formas de violência contra a liberdade de expressão da população. Foi então durante o regime militar que essas formas se intensificaram.
As pautas jornalísticas sofriam sérias inspeções, vários trechos eram publicados em branco nos diversos jornais das cidades, muitas vezes apareciam receitas culinárias estranhíssimas, que não resultavam no prato desejado. Nos casos de tortura e até de morte, os reais motivos eram escondidos da população, ficando pessoas desaparecidas por anos, sem notícias aos familiares mais próximos.
Os jornais não podiam publicar notícias, comentários, entrevistas, nada do tipo, assim se mantinha a imagem de passividade e estabilidade na nação.
Alguns artistas protestavam com músicas, outros com poemas, mas os mais diversos meios também eram censurados, mesmo pelo uso de palavras impróprias a época, como o caso da música “como eu quero” que pede para o namorado tirar a bermuda.
Ainda hoje se tem muitos empecilhos ao conhecimento dos documentos da época da ditadura militar, perdurando sua censura até então...
2. A IMPRENSA E A DITADURA MILITAR
A liberdade de imprensa assegurada em 28 de agosto de 1821 por D. Pedro I, foi censurada em 6 de setembro pela Polícia Federal, sendo proibida a publicação do decreto por ele assinado. As sementes da ditadura foram lançadas pelo primeiro ditador brasileiro, Getúlio Vargas, que atuou com uma legislação repressiva e centralizadora, utilizada pela ditadura militar.
A censura era ociosa em todos os 21 anos de ditadura, foi atuante no período pós golpe de 1964, posteriormente houve flutuações, tendo maior influencia no período militar por pessoas com vocação autoritária. O ápice foi em dezembro de 1968, quando no governo Costa e Silva, foi baixado o Ato Institucional (AI-5), que se arrastou até o final do governo Emílio Médici. No governo Ernesto Geisel, até 1976, houve clara diminuição na atividade dos jornais. Somente no fim do seu governo, início do governo João Batista de Oliveira Figueiredo, que a liberdade da mídia foi recuperada no Brasil.
O AI-5, promulgado em 13 de dezembro de 1968, instaurou a ditadura deslavada no Brasil, mesmo que a situação anterior não fosse nada democrática, todo e qualquer veículo de comunicação devia ter pauta previamente aprovada e passar por inspeções por agentes especializados. Antes do AI-5, a censura era uma medida adotada para defender o regime. Com o AI-5, o Jornal do Brasil foi invadido por dois oficiais, que ao resistir à publicação do material proibido, no dia 15, cinco oficiais passaram a censurar o jornal. O Correio da Manhã também foi invadido após o AI-5, Hélio Fernandes, diretor, pouco antes havia sido preso e confinado na ilha de Fernando de Noronha, tinha sido solto e foi preso outra vez. Uma edição que protestava contra o AI-5, na edição de O Estado de São Paulo, foi confiscada.
3. A MÚSICA POPULAR BRASILEIRA E A DITADURA MILITAR
A música popular brasileira foi tratada como um ser nocivo pelo Estado, capaz de fazer mal à população. O governo dizia que elas ofendiam a lei, a moral e os bons costumes. A canção de protesto Para não dizer que não falei das flores, do cantor Geraldo Vandré, tornou-se a mais cantada pelos manifestantes.
A música atingia as grandes massas, falando o que não era permitido a nação. Diante das forças dos festivais de MPB, o regime se vê ameaçado, amputando vários versos de canções.
Antes mesmo do AI-5, alguns representantes da MPB eram vistos como inimigos pelo regime. Entre eles: Caetano Veloso, Chico Buarque, Elis Regina, Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Kid Abelha, Milton Nascimento, Plínio Marcos, Caju e Castanha, Raul Seixas, Taiguara, Toquinho, Odair José, Torquato Neto, Zé Keti. Caetano agia mais em contracultura que contra o regime militar. Os tropicalistas se aproximavam dos acontecimentos de maio de 1968 em Paris, do que das doutrinas de esquerda da época. Mas os militares não agiam com diferença. Na prisão de Gilberto Gil e Caetano Veloso, por exemplo, os militares tinham de concreto contra eles apenas a acusação de desrespeito ao hino nacional, prendendo-os e os exilando em Londres de 1969 a 1972.
Logo após foi eleito o mais novo inimigo do regime militar: Chico Buarque, sendo ele o cantor mais censurado da época. Os problemas de Chico com a censura surgiu junto com sua carreira. Exilado na Itália de 1969 a 1970, ao voltar ao Brasil sofria várias perseguições. Entre esses vários outros sofreram repressão...
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